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Dia Mundial da Alimentação

IIIª oficina

A Utilização das Plantas

Aromáticas e Medicinais na Alimentação

Para comemorar o dia da alimentação, organizamos com os nossos parceiros, a IIIª oficina – A Utilização das Plantas Aromáticas e Medicinais na Alimentação.

Tudo tem de ter um começo e desde cedo, logo no dia 15 de outubro, com os alunos que integram o projeto BioAromas, iniciamos a preparação da atividade. Assim, recebida a lista dos ingredientes, começamos com a ida às compras para os adquirir e encomendar os frescos. Dia 16 e 17, na Escola, confecionamos as nossas iguarias. Dia 18 foi a preparação do espaço no Centro de Ciência Viva com a montagem da exposição dos produtos BioAromas.

No dia 19 entrou-se no mundo das ervas… cítricas, mentoladas, pungentes, perfumadas, apimentadas, anisadas, amargas, frescas e suaves.

Cheirou-se, tocou-se... provou-se e colecionaram-se referências sensoriais.

Foram desenhadas novas propostas para a utilização das plantas!

Foi um final de tarde a partilhar experiências, segredos que se comem e adquirir saberes de quem sabe falar das plantas.

A Dra. Fernanda, nossa parceira e amiga da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, deu início à oficina praticamente dentro do Jardim de Aromáticas do CCV Floresta. Identificou plantas e suas propriedades, esclareceu dúvidas, deu e ouviu aplicações das mesmas.

Houve até uma participante que trouxe um exemplar de thymbra capitata. Vamos transplantar e logo daremos mais novidades deste tomilho.

Para passar à prática da verdadeira utilização fomos à degustação.

Tínhamos um variado leque de iguarias:

Manteiga caseira com vários sabores: tomilho, alecrim e cebolinho. Bolachinhas salgadas, pão integral com sementes de sésamo, de linhaça, tomilho, alecrim, calêndula e tomate, feitos na hora e cozido em forno de lenha com o saber e mestria das técnicas, da Edite e Sónia do CCVFloresta.

Confecionadas durante a semana com os alunos e a ajuda da Cristina a compota de abóbora com hortelã pimenta, a compota de tomate com lúcia lima e a mais apreciada compota foi a de courgete com erva doce e hissopo anisado; Bolachas aromáticas de hortelã pimenta, maravilhas, alfazema e palmiers de alecrim.

Aperitivo com queijo fresco, pétalas de maravilhas e pimenta rosa, pão da avó com orégãos e salsa.

Para beber: Chágria aromática BIO, infusões quentes: “Sabores da família”, “S. Valentim” e a estreia da infusão de hissopo anisado, a nossa novidade.

Passamos à sala que estava equipada como uma verdadeira cozinha. Seguimos para uma degustação saudável, rápida e económica, proposta pelo chefe Rui Lopes onde os Chícharos e a Cherovia captaram entusiastas atenções. Perde-se no tempo a introdução e utilização destas duas iguarias que tentamos preservar na nossa região.

O Chícharo no concelho de Alvaiázere é agora mote para grandes romarias gastronómicas nesta vila. Mas foi em tempos uma das principais leguminosas da dieta mediterrânica, antes dos vários tipos de feijão, batata, tomate e hortícolas afins, terem sido trazidos das Américas para o velho continente, isto, claro está, pela mão dos descobridores portugueses. É uma leguminosa muito versátil, podendo ser utilizada como qualquer outra do seu género, sendo igualmente rica em propriedades terapêuticas. Desta feita, umas migas de Chícharo com couve, cenoura, batata e broa, prato rico em cor, aroma e equilíbrio, foi o uso que lhe demos. Mas ficaram outras propostas no ar. Desde que seja utilizada como o grão de bico, feijão, etc... faremos sempre um bom prato. Mas atenção ao uso com a mesma moderação das outras leguminosas secas.

Das Cherovias ou Pastinagas, sabe-se cada vez mais. Que o digam os nossos amigos da Covilhã, que a tratam agora como iguaria a preservar,  pois trata-se, tal como no caso do Chícharo, da preservação da nossa identidade e cultura.  Das terras frias, da Serra da Estrela e da Europa mais gelada, vêm esta deliciosa raiz com sabor ligeiramente anisado, que podemos utilizar como a cenoura, sua parente afastada. Ou seja, em sopas, caldos de legumes, purés, guisados ou estufados. Mas foi numa deliciosa sopa de cabeça de pescada que incorporámos as Cherovias produzidas no Vergão (no quintal da Edite), que depois aromatizámos com um perfumadíssima hortelã da ribeira. Legumes no forno e salteados com as mesmas Pastinagas, tudo cortadinho em finos palitos, aonde não faltou o vermelho vivo do pimento, o laranja da cenoura e umas cebolas em juliana para enriquecer de aromas esta iguaria bem ao jeito mediterrânico.

As sugestões tinham de ser como os tempos exigem, práticos, saudáveis e económicos. E daquela pescada que olhamos muitas vezes com reserva fizemos uma deliciosa pescada no coentro, cheirosíssima por sinal, que fez par com uma esmagada de batata à antiga, com alho assado, azeite e salsa picada. Pegámos numas sardas, recheámos com a base mediterrânica (azeite, cebola, alho, tomate, pimentos, azeitona galega e orégãos) e levámos ao forno a lenha do CCV, e saiu de lá um petisco, que até aqueles que nunca haviam provado sarda ficaram fãs deste delicioso e versátil peixe, que abunda na nossa costa, e é igualmente rico em Ómega 3, tão recomendado por Dietistas.

Com a galinha do campo, fizemos um delicioso assado no forno, perfumado com tomilho, salsa, louro e legumes, que previamente foram a estufar todos juntos. Colocámos o tacho no forno e esquecemo-nos dele por 1 hora, pois os tempos são de poupança, até do tempo, para ler um livro, ou fazer uma hortinha.

Não há bom repasto sem uma bela sobremesa no final. E mais uma vez umas Cherovias, que no caso eram bêbedas com tomilho limão, mel e Moscatel de Setúbal, e mais uns aromáticos à mistura.

Para acompanhar uma Infusão de gengibre, casca de laranja e hortelã  pimenta, fizeram-se ainda umas deliciosas maçãs salteadas com tomilho comum e limão, adocicadas com mel do Vergão, que no final faziam lembrar aromas de infância!

Foi uma verdadeira oficina de partilha de saberes e experiências onde os aromas estiveram sempre presentes.

Todos sentimos a cozinha com os sentidos. Desfrutamos a natureza na mesa. Degustamos a recompensa dos nossos jardins aromáticos.

Descobrimos a arte de cozinhar as coisas boas que a mãe natureza dá. Deleitamo-nos desfrutando enquanto aprendemos a preparar novos pratos. Bem haja a todos os participantes e até para a próxima...


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