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Entrega de Diplomas A tradição ainda cheira ao que era...
Decorreu, com a animação e a participação que se vem tornando hábito, a entrega de diplomas aos alunos da nossa escola que concluíram com sucesso o seu percurso escolar connosco, os finalistas dos cursos científico/humanísticos e profissionais. Estava aprazível a tarde e o espaço, sóbria mas cuidadamente adaptado, sob a orientação da mestre-de-cerimónias, professora Cristina, tudo tendo contribuído para dar brilho a uma cerimónia formal, que é, cada vez mais, também, uma jornada de são convívio de toda a comunidade educativa: pais, alunos, pessoal auxiliar e professores. Abriu a sessão a pivô de serviço, professora Paula Mendonça, que deu a palavra à Directora do Agrupamento, professora Maria João, que, mais emocionadamente que formal, como gosta sempre de vincar, deixou claro o quanto vibra com o sucesso dos nossos alunos, este ano mais relevante que em anos anteriores, um contributo certo para a subida dos níveis de excelência do Agrupamento, como acrescentou. Passou, então, a palavra ao professor Gil, que, em nome dos directores de turma do secundário, todos com lugar na mesa da presidência, leu um pequeno discurso de saudação e incentivo aos novos diplomados, conferindo, assim, com recurso a citações de Fernando Pessoa, matéria de estudo no percurso académico de todos eles, uma notação mais formal à sessão. Encerraram-se as comunicações com as palavras cordiais do representante da autarquia, professor João Manso, vereador para a cultura, que incentivou os diplomados a estruturarem-se profissionalmente e a regressarem à “nossa Proença, a terra melhor do mundo”, para a engrandecerem ainda mais. Depois da entrega dos diplomas pelos respectivos directores de turma, seguiu-se o beberete e a partilha do bolo, esmeradamente confeccionado e gentilmente servido pelo pessoal da casa. É um momento sempre animado, de convívio inter-geracional, o que concorre para a aproximação da escola à comunidade e que, pelo interesse manifestado, bem patente na presença da quase totalidade dos finalistas e seus familiares e de muitos dos outros agentes educativos, nos leva a afirmar, uma vez mais, que a tradição ainda é o que era, tal o sentimento expresso de empatia que sempre tem distinguido a nossa escola. “A aranha do meu destino Faz teias de eu não pensar. Não soube o que era em menino Sou adulto sem o achar.”
Estes primeiros versos de um poema de Pessoa parece-me traduzirem quase na perfeição esta fase das vossas vidas, caros finalistas: construístes uma etapa das vossas vidas quase sem vos aperceberdes de que estáveis a progredir, tão natural era a vivência, tão imponderável a consciência. Se calhar, nós, os adultos, pais e professores, somos uns líricos, mas das vivências dos outros: só nós é que trabalhamos, só nós é que nos preocupamos com o futuro, nosso e dos outros, sobretudo dos mais novos, uns inconstantes e uns inconscientes. Hoje, porém, ao participarmos nesta entrega de diplomas, mais ou menos incomodados com as imposições burocráticas, mais não fazemos do que reconhecer o óbvio: vós trabalhastes, vós progredistes, vós alcançastes esta meta, com mais ou menos planificação e empenho, vós chegastes ao fim do ensino secundário. Nós não podemos ignorar que vos esforçastes por apresentar trabalhos de grupo com qualidade, mesmo sobre matérias menos atractivas. Não podemos deixar sem referência a maneira adulta e responsável como assumistes as vossas visitas de estudo, mesmo as mais prolongadas e radicais. Nós não podemos ignorar as vossas concretizações na Área de Projeto, por exemplo, que nos apresentastes com entusiasmo, competência e brilho nos olhos, fossem elas de cariz mais objectivo e prático, como a recolha de material reciclável; de cariz artístico, no caso das artes performativas; de cariz regionalista, como o da biodiversidade e do turismo ou de vivências empenhadas no domínio do social e do humanitário. E não nos custa nada reconhecer, pais e professores, o quanto estamos orgulhosos por vós, que sois também obra nossa. É claro que o poeta, se se confessa enredado na consciência de existir, não deixa de olhar com nostalgia para essa infância toda feita de inconsciência. Ora nós sabemos que só se olha com nostalgia o que foi bom e já passou. É assim convosco... esta etapa já é passado... uma nova se esboça já no horizonte. E não é de saudade de nós que queremos que vos tolhais, quando lá vos virdes privados do nosso apoio solícito de mestres/padres ou dos miminhos quentes de vossas madres. Queremos sim que vos acheis adultos com o que aqui aprendestes e possais edificar ponderada e planificadamente o vosso futuro. Quanto ao vosso passado, mesmo as euforias desmedidas e até as loucuras sonhadas, há que integrá-las na construção. Pois não lestes? “Sem a loucura que é o homem / Mais que a besta sadia, / Cadáver adiado que procria?”. Se chegastes já onde chegastes... e com certificação diplomada... quase sem vos dardes conta... parti, com confiança, aparelhados para a caminhada, alertados para as dificuldades. E regressai doutores e talentosos, pois precisamos da vossa competência para resolvermos os nossos problemas mais difíceis destes tempos tão ingratos. E não temais, se acaso não lobrigais ainda o caminho iluminado, pois é só antemanhã, o futuro ainda é só nevoeiro, mas já paira no ar a emoção de um limiar. É hora! Parti! E não esqueçais o poeta: "...Se quem fui é enigma, E quem serei visão. Quem sou ao menos sinta Isto no meu coração.”
Gil 08/09/2010 |